segunda-feira, 15 de abril de 2024

O trânsito caótico da metrópole

 Esse é meu texto que foi excluído QUATRO vezes do grupo "política em Piratininga".

Parece que a democracia não é uma máxima tão clara assim e as regras do grupo mais subjetivas do que a descrição...

"Vamos celebrar a estupidez humana"

Renato Russo

CRÔNICAS DA SOCIEDADE – VERSÃO PIRATININGA

 (homenagem à escritora Julia Quinn)

O trânsito caótico da metrópole

Piratininga, no que diz respeito ao trânsito, alcançou um estado comparável à vizinha Bauru, ainda que a diferença de frotas seja abissal. Por muitas vezes, as tentativas de não passar nervoso no trânsito, aqui, têm-se mostrado infrutíferas. A avalanche de barbáries é de grande criatividade e de crescimento avassalador. Citar-lhes-ei, finos leitores, alguns exemplos que ilustram de maneira lúdica a minha tese. 

Alguns motoristas parecem entender que seus veículos são fontes de interação social, em vez de meio de transporte. Frequentemente, por ironia do destino – nos dias em que mais temos pressa, se tentar trafegar pela nossa via principal, Rua Dr. José Lisboa Júnior, certamente encontrará alguém a incríveis 10 km/h com a pose de jabuti (cabeça para fora do casco [carro], pescoço esticado) procurando, avidamente, alguém para acenar. Indiferente ao fato de que existe toda uma cidade ao seu redor, não descansa enquanto não encontrar alguém que lhe balance a cabeça afirmativamente e responda o seu “bão!?”. E se você pensa, leitor amigo, que a lentidão acaba assim que se dá o encontro, estás redondamente enganado. `Lembremo-nos de que Piratininga não é tão grande e a população não é muito numerosa, de modo que nosso motorista de caracol só usará, de fato, o pedal do acelerador depois de esgotadas todas as possibilidades de avistar um conhecido. 

Outro fato curioso é a falta de percepção de tempo/espaço dos nossos ases do asfalto. Quando trafegamos em uma via preferencial é comum perceber que alguns motoristas apertam o botão do “turbo” para cortar a nossa frente. Numa situação em que, pela lógica, não haveria possibilidade para tal, ele enche os pulmões, o sangue acelera nas artérias e seu carro voa violentamente para a nossa frente, conseguindo o impossível. Eu consideraria isso uma demonstração genuína de habilidade e espírito futurista. Não fosse pela frustrante redução de velocidade momentânea, obrigando-nos a ficar presos atrás dele. Triste, mas real: ele não estava com pressa, apenas queria te ultrapassar, vitorioso por cumprir sua missão: atrapalhar!

Finalizando, não poderia deixar de manifestar meu total desdém às infrações aparentemente pequenas, mas que delatam a exacerbada falta de educação e fineza de certas pessoas: não dar seta antes de suas conversões; parar na contramão só para ganhar a vaga, quem vai na padaria na R. Joaquim Pinto da Silva Paes sabe do que eu estou falando; o horário de entrada e saída de alunos nas escolas transforma, magicamente, faixa de pedestres em vagas privativas, sem falar em quem para no meio da rua e desce com seu filho para deixa-lo na segurança do estabelecimento de ensino; 90% dos carros que sobem a Rua Prof.ª Nair de Carvalho Timachi para fazer conversão na rua Anchieta, o fazem por dentro do posto de combustível, e não pela rua (quase sofri um atropelamento uma vez); Quem desce a Rua Jerônimo Ferreira para entrar na Lisboa Jr sentido Sapolândia, considera-se o rei das ruas e esquece-se de um princípio básico: curva para a esquerda é aberta – ficam literalmente no meio da via, atrapalhando a conversão de quem faz o trajeto oposto; não falarei de quem pára em faixa amarela, vagas especiais e em frente a portões – isso não acontece em Piratininga... pelo menos não muito... ah, deixa pra lá.

Ninguém é melhor do que ninguém. Ninguém pode atrapalhar e ninguém merece ser atrapalhado. Se cada um fizer a sua parte, ninguém passa nervoso e os riscos de acidente diminuem.

Acho melhor parar por aqui, porque meu café está esfriando. 

Até a próxima!

sexta-feira, 15 de setembro de 2023

INQUIETAÇÃO OUTONAL

Da garganta seca, brotou uma flor.
Pólen infecundo, inócuo,
Cálice empoeirado do destino.
(Alguém está fritando bife)
A claridade frágil incomoda a vista, 
Mas nutre uma inexata esperança. 
Entre as vozes que ecoam entre os corredores 
E a canção que, latente, mantém-se na memória, 
Zumbidos informes atormentam a consciência. 

Passos, impressoras, trânsito...
Uma tétrica orquestra que anuncia 
A insignificância terrena, a qual, prostrados, 
Insistimos em pedir bis. 
Essa é a gangrena do cotidiano:
Insignificante, 
Insípida, 
Inevitável, 
Irreversível!

Fim

terça-feira, 9 de maio de 2023

HOJE

Acelera!
Apressa-te em viver!
Cada dia a mais é um dia a menos, 
Os momentos, claudicantes, sugam-nos a energia vital.
Sufoca-nos essa contagem regressiva - 
Cada vez mais próximos do final.

Desacelera!
Eia!
A pressa inversa imersa nos versa
sobre amor, calma e nostalgia.
cada momento, um instante de magia
Arraigado em nosso dia a dia.
Quem diria!

Vive!
...
Viva!

segunda-feira, 19 de setembro de 2022

Tarde cinzenta

A brisa vespertina anuncia o fim do expediente.
O trabalho árduo serenou até cessar,
Agora restam detalhes que poderiam ser deixados para amanhã,
Mas que ajudam a acelerar o curso de Chronos.
O barulho do ventilador lembra o do liquidificador.
Que tal panquecas para o jantar?

A porta entreaberta pede para ser fechada, retesando a ansiedade.
Calma, ainda não deu o horário…
Logo virá o aconchego do lar:
O banho quente,
A comida caseira,
O sorriso banguela da bebê
E a tão desejada cama.

Todos já se foram.
A porta já está fechada e agora falta pouco.
Hoje foi dia de mais uma vitória,
De sentir aquele gosto saboroso de “dever cumprido”.
Hora de agradecer o emprego, a família e
O fato de ter para onde voltar.
Agradecer, também, a capacidade de sonhar e de voar.
Tudo nessa vida é um milagre,
Mas quem disse que não pode melhorar?

quarta-feira, 31 de agosto de 2022

Céu azul

Não gosto de dias bonitos
Essa coisa de céu azul, pássaros cantando e
tudo mais.
Sou amante dos tétricos dias nublados e
com ventos gelados.

Não sou triste, não sou cético
Apenas tenho sentimento e memória.
Todos os dias mais tristes de minha vida
eram dias bonitos.
Um dia bonito, para mim, tornou-se uma
máscara irônica do destino.

A recuperação de matemática
O dia que o carro quebrou
A decepção no amor
A morte do pai.

Os dias bonitos deveriam vir com um aviso:
"cuidado - perigo!"
Assim as pessoas não seriam
Enganadas como eu fui.

terça-feira, 30 de agosto de 2022

Qué que óia?

     Não tem mais jeito. Na noite da grandes cidades como Bauru, hoje, é praticamente impossível parar seu veículo sem ser abordado por um 'guardador'. Numa trivialidade lhana abordam-nos com total descortesia – usando termos como “irmão”, “amigo”, “parceiro” - e fazem a tão temida pergunta: 'Qué que óia?'
    Muitas são as teorias que circundam uma resposta negativa: Seu carro pode ser riscado, ter os vidros quebrados, podem chamar um comparsa para furtar o automóvel não guardado, dentre outras suposições. O fato é que, particularmente, não conheço quem tenha coragem de negar essa nefanda cortesia. E confesso que também não tenho coragem para tal, preferindo, inúmeras vezes, recorrer aos estacionamentos privativos.     
    Como encarar essa prática? Serviço honesto ou dinheiro fácil?
    Da minha meninice pra cá se transladaram cerca de 20 anos. Naquele tempo, o tipo de público que pedia para olhar os carros para angariar alguns trocados era, basicamente, formado por crianças. E isso acontecia, geralmente, quando havia algum acontecimento ou evento díspar na cidade, como o dia de finados, por exemplo, época em que a molecada se aglomerava em torno dos motoristas oferecendo seus bons préstimos. Lembro-me de uma ocasião em que, ao participar de um cortejo fúnebre, ainda chegando à necrópole, antes mesmo de desembarcarmos, um guri veio oferecer o serviço ao meu pai. O 'não' dele foi tão sonoro que até eu fiquei com medo de dirigir minhas vistas ao carro. Ah, se fosse hoje...
    Guardadores, cuidadores, flanelinhas... existem várias denominações para designar nossos ilustres prestadores de serviço (eu prefiro me render ao coloquialismo e usar o neologismo 'qué-que-óia'). O fato é que ficamos à mercê dessas pessoas que criaram uma máfia velada e, até então, inviolável.
        O medo que cerca os condutores sobre uma provável negativa a esses vigias da noite faz com que o mercado deles seja altamente lucroso. É muito mais fácil e rentável passar a madrugada sem fazer nada, apenas coletando moedas dos cidadãos de bem, do que ter um trabalho cujo piso salarial não seja atraente. As consequências disso são a escassez de mão de obra em determinadas profissões, o aumento do desinteresse pelo trabalho formal, visto a comodidade encontrada e a possibilidade destes autônomos receberem auxílios do Governo. Isso sem contar na dúvida que paira no ar: será que eles realmente cuidam dos veículos?
        Já parou pra pensar que se, por um acaso, você peça para o guardador apontar qual é o seu carro ou moto ele, provavelmente, não saberá responder? É facilmente notado que a grande maioria deles só quer mesmo um dinheirinho fácil e nem olha coisa nenhuma. Quando vê alguém indo embora, simplesmente corre atrás com aquela carranca peculiar e a mão estendida. Por outro lado, supondo que haja um 'qué-que-óia' bem-intencionado, o que ele faria se algo acontecesse? Sairia no braço com um ladrão? Correria pra te chamar e, juntos, renderiam o bandido? Ligaria para a polícia (que chegaria tarde demais)? Não, nada disso. Não há o que fazer! Você paga uma pessoa pra ela mesma não fazer nada com o seu automóvel. E de quem é a culpa?
        A situação chegou a esse ponto por dois motivos. Primeiramente, são os próprios cidadãos que acostumaram os flanelinhas com isso. Um acorda o serviço por dó, outro por obrigação, outro por medo... ou até por bondade mesmo. Isso fez com que percebessem que esse negócio funciona e que é fácil ganhar dinheiro assim. Concomitantemente, a ineficácia de nossa polícia é a chave da questão. Como dizer 'não' se a insegurança instaurar-se-ia assim que se tirassem os olhos do veículo? A polícia militar não faz as rondas necessárias para coibir esse tipo de comércio e, se algo acontecesse, não há conjectura de que providências seriam tomadas e punições aplicadas.
        Para acabar com essa exploração é necessária uma ação conjunta entre população e polícia. As pessoas devem enxergar que isso é algo ruim para a sociedade e parar de dar essa esmola de luxo a esse bando de folgados. A polícia, por sua vez, deve dar-nos o devido respaldo e atuar de maneira efetiva na fiscalização de delitos dessa natureza e punindo com rigor os atos mal-intencionados. Nossa liberdade de ir e vir existe, mas não devemos pagar por ela.

quinta-feira, 7 de julho de 2022

Bonequinha

Vivas e salves devem ser gritados!
Agora o tempo é de alegria e paz,
Louvando a nova princesa que nasceu.
Espírito inebriante e vivaz,
Nós rendemo-nos ao sorriso seu. 
Tem ledos olhinhos imaculados,
Inspirando amor por todos os lados.
Néscias palavras sua vinda nos traz
Norteando a joia que floresceu:
A nossa bonequinha Valentinna.